A educação STEAM transformando a realidade da periferia

Você já conhecia essa abordagem para a sala de aula que dá muito mais do que provas?

Por Renata Neves

Fonte: Acervo Casa Hacker

A educação STEAM é uma abordagem de ensino interdisciplinar com o objetivo de preparar nossos jovens e estudantes para o futuro. Neste sentido, os benefícios dessa educação podem ultrapassar barreiras sociais para que mais comunidades periféricas participem ativamente do desenvolvimento tecnológico.

Este modelo de ensino provoca o aluno. Assim, ele passa a investigar e solucionar os problemas sozinho.

A educação, também, é acompanhada por um professor cujo papel é unir as áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (STEAM), além de acompanhar o progresso do estudante.

A proposta é deixar mais atraente tanto o ensino educacional quanto a área de exatas. Com isso, o professor educa com mais empolgação e o aluno passa a se interessar pelos temas por que ele quer e não pelos quais é obrigado a fazer provas.

O STEAM implementa as seguintes etapas em seu aprendizado: Investigar, descobrir, conectar, criar e refletir, permitindo que estas se repitam quantas vezes o estudante achar necessário.

O processo é propositalmente parecido com os métodos de pesquisa e inovação avançados, gerando um vínculo desde cedo com as jovens mentes.

Com prática e conteúdos misturados, a abordagem se aproxima da realidade e desta forma, evita perguntas sobre a utilidade do conhecimento. Em outras palavras, as crianças param de perguntar “quando vou usar isso?”.

E, principalmente, o STEAM surgiu porque o setor de tecnologia está demandando profissionais qualificados. Nós precisamos conversar agora sobre o impacto real da abordagem nas periferias. Vamos lá?

Um pouco mais sobre a Educação STEAM

Estados Unidos, 1990. Surge a proposta para a metodologia STEM (sem “A”).

A principal ideia foi unir ciências, tecnologia, engenharia e matemática em uma abordagem educacional relevante para os alunos. Somente nestes últimos dez anos que foi inserido a letra A na sigla, representando Linguagem, Humanidades e Arte.

Ainda assim, o objetivo se manteve e foi ganhando espaço entre as escolas, ONG’s e outras instituições.

Logo, os professores da metodologia começaram a perceber as vantagens, isso porque seus alunos desenvolveram novas habilidades, como a evolução do pensamento crítico. Além disso, a participação dos estudantes se tornou mais ativa com o decorrer das aulas.

A Educação STEAM evidentemente beneficiou a criatividade, a consciência social e a criação para o mundo real. Neste sentido, os alunos se tornaram mais atentos para inovar de acordo com as necessidades de suas realidades.

Por fim, houve benefícios claros sobre a responsabilidade com o futuro. Desta maneira, o método de ensino melhorou a percepção sobre as carreiras e os desafios que os estudantes irão viver um dia. Hoje, o ensino STEAM está sendo explorado e todas essas vantagens estão sendo estudadas.

A boa notícia é que o impacto da educação não está sendo pensado apenas para a educação infantil ou básica. Assim, outros graus podem se beneficiar e se prepararem para nosso futuro.

Educação brasileira vs demanda das empresas

O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) não foi satisfatório em 2018.

Os baixos resultados na área de matemática e ciências acordaram a educação para a realidade das crianças. Por outro lado, a literatura estrangeira já estava falando sobre o STEAM como uma saída para inovar o sistema educacional básico.

Em 2020, os alunos ficaram mais desmotivados e desanimados com a educação brasileira.

Afinal, a pandemia cooperou com a dificuldade para focar e a falta de contato pessoal. Além disso, os jovens sentiram-se decepcionados com o governo, desaprovando a atuação do Ministério da Educação.

No entanto, o mercado de trabalho não para. Os jovens precisam acompanhar as expectativas de trabalho para os próximos anos e se preparem para as novas necessidades das empresas.

O Futuro do Trabalho

“The Future of Jobs 2020” é uma pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial e, dentre seus objetivos, ela também relata as necessidades do mercado de trabalho.

Em resumo, as empresas estão cada vez mais automatizando e digitalizando as funções. Enquanto uma parte delas planeja se integrar à tecnologia, outra irá investir em contratados especializados, mas a maioria deseja reduzir a mão de obra.

Além disso, há planos para a qualificação e requalificação dos empregados. Há menos preocupações para se adaptar às novas oportunidades nas indústrias de tecnologia 4.0.

Neste sentido, os profissionais desqualificados devem perder mais espaço ainda no mercado.

A pesquisa relata que os mais negativamente afetados pelo COVID-19, principalmente por conta da desigualdade, são aqueles que enfrentarão as desvantagens.

Segundo o CEO da Cousera, Jeff Maggioncalda, “desproporcionalmente, a pandemia afetou milhões de trabalhadores pouco qualificados” e “a recuperação deve incluir um esforço coordenado de requalificação por parte das instituições para fornecer um aprendizado acessível e relevante para o trabalho que os indivíduos possam obter de qualquer lugar para retornar ao mercado de trabalho.”

Neste contexto, é visível que a abordagem da Educação STEAM é uma das melhores soluções para preencher essa lacuna e desenvolver os nossos jovens para um futuro melhor.

Mas como?

Qual é o poder do STEAM na periferia?

Vale começar ressaltando os pontos positivos da abordagem para a nossa educação.

Em geral, o STEAM coopera para a formação de mentes criativas e críticas. Por meio deste ensino, os alunos conseguem visualizar de forma mais clara conceitos teóricos.

Este ponto também é importante para escolas públicas com carência de professores. Algumas vezes, muitos estudantes passam meses sem um contato decente com os conteúdos obrigatórios da sala de aula.

Como resultado, assuntos difíceis não consideram a velocidade de aprendizagem de cada um e tornam-se o terror dos jovens. Aqui surge o desinteresse pelo conhecimento, seguido pelo desânimo e a desistência.

As estatísticas do Inep apontam que em 2021, a taxa de abandono de estudantes na rede pública foi de 5,6%.

Outra vantagem para os alunos da educação pública é a ampliação do currículo. Assim, o mercado de trabalho consegue oferecer mais oportunidades do que frustrações.

Ainda assim, ampliar o currículo é muito mais positivo do que parece, principalmente quando pensamos em comunidades excluídas de avanços por simples falta de conhecimento básico.

Além disso, quando os alunos da periferia são desafiados a pensar e resolver problemas, eles desenvolvem habilidades para inovar dentro de suas realidades. O projeto Minas em Tech da Casa Hacker é uma revelação sólida sobre este processo de evolução.

A inovação passa a ser um aliado precioso para melhorar condições de vida ou a expectativa do futuro. Desse modo, os jovens passam a compreender que a tecnologia não deve ter preferidos, nem por gênero, nem por classe e muito menos por idade.

Aliando a Educação STEAM com o Brasil

Apesar das vantagens claras do STEAM, a implementação da abordagem no Brasil ainda é um bebê em formação.

Ademais, o assunto é até mesmo desconhecido pela grande parte de professores. E aqueles que conhecem, ou não conseguem aplicar na prática ou preferem não sair do modelo tradicional.

Para ambos o caso, a educação enraizada é uma das principais razões pela dificuldade da implementação. Por isso, o STEAM necessita de professores que se unam e gestões que incentivem a mudança da sala de aula.

É importante lembrar que a abordagem não se limita ao ensino básico ou médio. Desta forma, professores de graus superiores, técnicos e entre outros, poderiam encontrar oportunidades para inovar e envolver os seus alunos.

Novamente, o pensamento limitado e o tradicionalismo impedem pelo menos o teste na sala.

Outro grande obstáculo para a Educação STEAM ser a prioridade, é a falta de qualificação de profissionais no assunto. Muitas vezes, os professores interessados não têm nem tempo para se aprimorarem fora de suas aulas.

Além disso, professores da periferia ou comunidades de renda mais baixa geralmente precisam manter sua rotina educando em diversas escolas. Nestes casos, quando sobra tempo para aprender sobre uma abordagem quase desconhecida?

Contudo, as pessoas interessadas podem transformar as vidas de jovens e adultos. Ainda mais, cooperar para um mercado de trabalho com muito mais a oferecer do que assustar.

A tecnologia ainda irá abrir muitas portas no futuro, porém não podemos deixar que poucos possam acessá-las.

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Você leu um artigo feito pela Casa Hacker, iniciativa sem fins lucrativos dedicada a combater a desigualdade social com a educação tecnológica.

Juntos, podemos construir comunidades mais informadas e rumo ao desenvolvimento.

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