A intenção das mensagens e o enfraquecimento da democracia.

Por Renata Neves

Em breve, teremos o segundo turno de votação das eleições brasileiras e agora precisamos nos atentar para o aumento do nível de desinformação ocorrendo nas redes sociais, canais da televisão e entre as conversas.

É possível notar que as discussões políticas estão intensas, o que é um fator positivo para o conhecimento geral do brasileiro. Porém, essa maturidade fica para trás quando há a desinformação envolvida e, por consequência, a violência.

A desinformação pode acontecer em vários formatos e precisa ser combatida em qualquer época do ano.

Neste momento, ela está sendo uma ferramenta usada contra a democracia do país e tem influenciado o eleitorado com provas falsas ou contextos que não existem.

Inclusive, também utiliza a abordagem das fake news para espalhar conteúdo com “credibilidade” mas, não se resume somente a esta estratégia.

Podemos entender que a desinformação já esteve presente em formatos como fofoca, teorias da conspiração, lendas, boatos e campanhas de difamação. Apesar disso, ela é difícil de se identificar se você não estiver consciente sobre ela.

Hoje, vamos mostrar um pouco mais de como ela ocorre para você ficar mais esperto no grupo da família. Vamos lá?

O que realmente é a desinformação?

Segundo o Guia Básico de Enfrentamento à Desinformação da Justiça Eleitoral e do TSE, a desinformação pode ser toda mensagem, informação e declarações públicas que são baseadas em dados incorretos, independentemente da intenção.

Por exemplo: podemos considerar como uma desinformação uma fala pública que cita dados errados “pelo bem da saúde”, assim como também afirmações baseadas em achismo para convencer alguém.

Também é considerado como desinformação tudo que é parcialmente verdadeiro ou manipulado para gerar conflitos. Como a propagação de uma imagem alterada para causar revolta ou desaprovação.

É interessante ressaltar que toda mensagem tem uma intenção por trás e isso não é diferente para a desinformação.

Você pode se deparar com informações falsas compartilhadas com boas intenções, ou sem consciência de sua falsidade. Assim como pode receber mensagens falsas com a má intenção de te alienar, enganar ou te manipular.

E pode ser que encontre informações alteradas parcialmente ou que foram baseadas em afirmações, achismo, dados falsos e etc.

Para todos os casos, é necessário realizar uma pequena investigação e combater a propagação em massa.

Consequências para a democracia

A falta de veracidade nas informações afeta diretamente a nossa democracia e vamos explicar como.

A verdade é que a desinformação é lucrativa e muito vantajosa para as estratégias políticas. Em outras palavras, trabalhar para que um assunto ou um nome esteja sempre sendo citado (por bem ou por mal) gera consequências financeiras e ideológicas.

Falando sobre política, a desinformação é uma das responsáveis por manipular os valores e ideias de alguém. Grupos de pessoas passam a acreditar em mentiras, absurdos e irrealidades para que, no final, não tenham mais uma base verdadeira para votar ou se expressar.

A democracia, que garante o poder do povo de escolher seus representantes, está sendo constantemente desafiada.

É preocupante a perda do senso crítico, afinal os indivíduos não conseguem absorver opiniões divergentes baseadas em fatos concretos. Distorcem a liberdade de expressão e passam a infringir os direitos humanos.

Os cidadãos, no final, estão tomando as melhores decisões pela vida deles ou por que houve uma estratégia política recheada de mentiras?

E, principalmente, como é possível controlar o aumento da propagação dessas mensagens maliciosas?

Muitas dessas questões podem ser solucionadas com a educação. No entanto, também é importante que as pessoas acordem para a situação real do Brasil e, assim, busquem melhorar a forma que aceitam as informações sem contestar.

Vale lembrar que a situação das desinformações é extremamente crítica ao ponto de discussões políticas se tornarem violentas e perigosas.

Também é importante ressaltar que o negacionismo, as ideias fascistas e as conspirações são algumas consequências que têm ocorrido em nosso país.

Combatendo a desinformação

Agora que você entendeu o básico sobre a desinformação, vamos colocar em ação atitudes simples que podem fazer muita diferença para você e para as pessoas que confiam nas suas decisões.

Porque embora não pareça, a forma como você trabalha em prol ou contra uma ideia falsa pode influenciar as pessoas em sua volta. Por isso, cuide da forma que você compartilha informações.

Para começar, desconfie da fonte e da autoria da informação que você recebeu. Aqui, cabe conhecer o site, o usuário ou se o link que você recebeu é realmente seguro.

Quando não há uma fonte citada, é provável que não exista e portanto, pode ser uma informação criada sem dados reais.

Aprendemos que cada um tem suas intenções por trás de uma mensagem, logo é importante sempre desconfiar se a fonte se beneficiaria ou se ao menos saberia investigar o conteúdo que compartilhou.

Por um lado temos grupos mal intencionados que estão buscando formas de propagar uma informação em massa, e por outro, existem pessoas com menos malícia e conhecimento. Ambos os casos são considerados desinformação e precisam ser corrigidos.

É importante sempre jogar o tema ou o título da informação no Google. Se o assunto for real e com bases sólidas, pode ter certeza que haverá mais artigos concordando.

Mas, caso seja falso, pode ter certeza também que haverá publicações denunciando a informação.

Em seguida, perceba o tom usado para aquela informação e análise se ela te causa raiva ou revolta imediata, afinal o uso de termos dramáticos são usados para gerar o compartilhamento mais rápido.

Muitos textos falsos apresentam relatos pessoais sem valor, argumentos de autoridades que se beneficiam com os conteúdos, uso de nomes conhecidos apenas por impacto e conclusões simples até demais.

Pesquise a fundo e considere qualquer anormalidade que você encontre, lembrando sempre de denunciar para sites de checagem ou por meio das plataformas que você utiliza.

As redes sociais, por exemplo, contêm um botão para a denúncia de notícias falsas que deve ser utilizado por você!

Esperamos que tenha gostado do conteúdo e que ele possa ser bem aproveitado por você. Lembre-se que combater a desinformação é uma ação contínua e devemos fazer.

E nesta terça-feira (01/11) a galera de São Paulo está convidada a participar da The Glass Room Misinformation Brasil, que vai rolar no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso.

Que futuro estamos construindo entre os seres humanos e a tecnologia? Algoritmos e identidade estão cada vez mais intrínsecos, enquanto a privacidade de nossos dados permanece ameaçada. A desinformação tomou conta das mídias sociais e não sabemos mais no que acreditar. É possível enxergar um horizonte saudável nesta fronteira? Bora discutir sobre isso com oficinas e mesas de debate de forma gratuita. Seu ingresso está te esperando aqui.