Veja as aplicações discretas e indiscretas de IA e a bagagem de desafios que vêm de bônus.
Por Renata Neves

Recentemente, temos ouvido muito sobre Inteligência Artificial (IA) que é aparentemente uma tecnologia feita para revolucionar o mundo.
Também estamos presenciando um movimento gigantesco de desenvolvedores e empresas utilizando o poder das IA’s para melhorar processos internos, reconhecer seus consumidores e desenvolver soluções criativas para cada problema.
Já temos IA para conversar, criar, aprender e organizar. Porém, ainda sabemos pouco sobre elas e assusta que a tecnologia possa imitar um ser humano.
E, como um ser humano, elas têm apresentado algumas falhas que podem desenvolver retrocessos enquanto surpreendem o mercado com novas possibilidades.
Há muitas controvérsias que precisamos colocar à mesa, por isso neste artigo iremos apresentar o que é a Inteligência Artificial e quais são as questões que precisam ser consideradas. Vamos lá?
O que é IA?
Autonomia é a palavra chave para entender o que é Inteligência Artificial e como elas funcionam.
Em outras palavras, podemos dizer que é uma combinação entre a ciência da computação, dados e a simulação do comportamento humano para criar uma tecnologia autônoma, capaz de criar, sugerir, corrigir e até mesmo conversar.
Na verdade, as IA ‘s são desenvolvidas há algum tempo e agora estão se popularizando conforme estamos descobrindo todo o seu potencial.
Elas estão presentes nas assistentes, como Alexa e Siri, nos algoritmos das redes sociais, nos mecanismos de busca do Google, em aplicativos desenvolvidos para facilitar um trabalho e entre outros.
São sistemas em constante desenvolvimento e aprendizado, então quanto mais um usuário insere dados nelas mostrando o que é “verdadeiro” e o que é “falso”, mais habilidosa ela se torna.
As inteligências artificiais podem ser moldadas até que respondam conforme o esperado e, para isto acontecer, podem ser desenvolvidas com dois processos de aprendizado.
O primeiro, é chamado de machine learning ou aprendizado de máquina. Neste método, a IA trabalha com grandes quantidades de dados, coletados ou inseridos que são analisados para gerar hipóteses novas.
Nem sempre as respostas são precisas e corretas, mas quanto mais dados de qualidade são inseridos, melhores ficam as respostas e generalizações da máquina.
Depois, há o deep learning ou aprendizado profundo. Aqui, a tecnologia utiliza as Redes Neurais Artificiais (RNA), e sim, são similares às nossas. É um método com mais poder de conhecimento e modelos matemáticos.
Pela RNA é possível resolver problemas mais complexos e o processo de aprendizado é feito com uma fase de treinamento e outra de teste. No treinamento são aplicados vários exemplos e ajustes. No teste, é feito a avaliação do sistema.
Se você estiver interessado em conhecer o aprendizado de máquina por uma visão mais técnica e matemática, recomendamos o artigo “Conceitos sobre Aprendizado de Máquina” de M. C Monard e J. A. Baranauskas.
Aplicação das Inteligências Artificiais
Hoje, a aplicação das inteligências artificiais está cada vez mais ampliada e diversificada.
Como dissemos anteriormente, as IA ’s têm dado suporte para a execução de algumas funções no mercado, assim como também já foram desenvolvidas para apresentar grandes resultados com velocidade e praticidade.
Começando pela área da saúde, já foram apresentadas, por exemplo, soluções de IA ‘s que realizam diagnósticos e sugerem possíveis tratamentos para médicos. São ferramentas para acelerar os processos de saúde, desde a suspeita de um problema até a melhor forma de resolvê-la.
Mas, vale ressaltar que a pesquisa na internet não substitui a consulta de especialistas. A IA precisa atuar junto aos médicos, portanto não busque por soluções sozinho. Toda a utilização de tecnologia na área da saúde é acompanhada e avaliada.
Falando em segurança, você já deve ter ouvido falar em tecnologias para monitoramento simples de casas.
Porém, além dessa utilização da Inteligência Artificial, grandes projetos estão sendo realizados com base na análise de falhas. Algumas IA ‘s trabalham na cibersegurança, prevendo possíveis falhas e ataques.
Um dos grandes desafios da educação é a falta de individualidade. Por isso, alguns sistemas estão sendo desenvolvidos para ajudar os alunos a estudarem com mais produtividade.
Os professores também podem ser beneficiados pela IA com o suporte para montar as aulas, organizar as atividades e melhorar a comunicação a distância.
Dentro dos varejos, a Inteligência Artificial entra com tudo na coleta de dados de qualidade. Desta forma, os varejistas conseguem otimizar melhor os processos, melhorar a experiência do consumidor e até precificar seus produtos de forma eficaz.
O mesmo se aplica à área dos negócios. Mas também, temos estudos utilizando IA para analisar o mercado atual.
Por exemplo, o artigo “Explorando a forma fraca da (in)eficiência de mercado por meio de algoritmos de inteligência artificial” é uma pesquisa com índices da bolsa de valores para realizar previsões com IA.
Já o estudo “Identificação de falhas por meio de inteligência artificial em dados ecobatímetros” interessa ao agronegócio, que também utiliza o potencial da tecnologia para solucionar problemas, assistir processos e otimizar recursos.
Se as inteligências artificiais são capazes de auxiliar processos, então a área de Recursos Humanos também pode e é beneficiada para gerir pessoas. A tecnologia pode analisar o desenvolvimento de colaboradores, exportar relatórios e criar soluções criativas para os gestores.
Um estudo que pode exemplificar o uso da tecnologia para o financeiro é “Identificação de evasão fiscal utilizando dados abertos e inteligência artificial” que relata a solução utilizada em Goiás para identificar sonegadores.
Então, em Direito a IA também busca por soluções para quem precisa de justiça acessível e para todos os intermediários.
Processamentos legais, automatização de serviços, regulamentação, tomada de decisões e entre outras funções têm sido feitas com base em IA, se não totalmente por elas.
Enquanto isso no marketing e na comunicação, até mesmo a criatividade consegue ser automatizada.
As áreas de criação e produção podem ser desenvolvidas por IA’s, assim como as automações, os algoritmos nas redes sociais, a organização de processos e a integração de plataformas.
Veja também este estudo “RetificAI: Um verificador de notícias falsas com base em IA e Aprendizado de Máquina”.
Até mesmo o transporte e os automóveis estão utilizando a inteligência artificial. Como por exemplo, os carros autônomos e os freios automáticos são tecnologias baseadas em IA em conjunto com outras ferramentas para proporcionar mais segurança e conforto no trânsito.
Por fim, também estamos falando de milhares de plataformas com objetivos específicos (ou não) desenvolvidas para realizarem qualquer tarefa. Veja abaixo mais exemplos:

voz; reunião; produtividade; códigos]
Quais são os limites da IA?
Tudo é muito bonito e interessante, mas como nada é perfeito, as IA ‘s também tem seus pontos baixos.
É importante lembrar que a nossa realidade é composta por diversos problemas estruturais, tais como o racismo, a miscigenação, as desigualdades e outras questões que podem ser aumentadas pela Inteligência Artificial.
Isto gera uma série de questões éticas e problemas no sistema que serão observados tardiamente. Afinal, a IA trabalha com coleta de dados constante e perde sua neutralidade conforme é alimentada por determinados padrões.
Já temos observado a IA com aprendizado profundo agindo com discriminação racial, por exemplo, porque o treinamento dela é provavelmente desporpocional e injusto, da mesma forma que nossos processos sociais também são.
As IA ’s estão adquirindo conhecimento a partir de vieses, ou seja, parâmetros baseados em injustiças a favor ou contra algo.
Então, se ela for treinada sob um viés, deixará de ser neutra e passa a tomar decisões que podem prejudicar os usuários. Esta é uma discussão recorrente sobre a ética na tecnologia.
IA ‘s que trabalham com reconhecimento facial, com base no aprendizado aprofundado, são as primeiras correndo o risco de serem desenvolvidas sob vieses tendenciosos.
Elas dependem de um banco de dados, treinamento e teste para identificar características humanas que os desenvolvedores e as plataformas determinam quais são. Assim, esses problemas surgem desde a codificação em linguagem computacional até na coleta de dados em uma realidade repleta de preconceitos sociais.
Afinal, quem é o “humano padrão” determinado para a IA? Ou quais são as características mais visualizadas pelas redes sociais?
Não somente o reconhecimento facial passa por essa dificuldade, mas todo sistema que precisa determinar um “humano padrão” para tomar decisões pode ser prejudicada por vieses de raça, gênero e etnia.
Processos seletivos, diagnósticos e embelezamento estarão sempre sob o risco de utilizar um modelo perfeito para justificar as suas respostas.
A Amazon teve este problema em um processo seletivo com base em IA, na qual excluiu mulheres da seleção por questões de padrão e contexto da empresa, em 2014.
Os dados também contêm validade, o que significa que as coletas são feitas em condições e contextos diferentes.
Por tanto, é fácil ensinar uma máquina a tomar decisões que não são interessantes hoje. Esta também é uma forma de ampliar as desigualdades ou gerar respostas consideradas imorais.
Ademais, lidar com o problema do viés na IA é um desafio para os desenvolvedores, muitos problemas são identificados apenas depois de anos de uso ou somente quando há um volume consideravelmente grande de usuários alimentado.
Quando são encontrados podem até requerer o desligamento da IA por danos de uso que não foram considerados. Assim como foi o caso da Tay, um chatbot da Microsoft desenvolvida em 2016 que foi liberada ao público no Twitter e foi totalmente corrompida em menos de um dia.
Outro problema que surge com a Inteligência Artificial são os princípios de coleta e uso de dados, confrontando diretamente a proteção de dados determinados pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados)
Quanto mais dados coletados, melhor é o funcionamento das IA ‘s, no entanto esses dados podem ser pessoais e sensíveis e se não forem tratados corretamente, geram prejuízos para os usuários.
Então, dados como nome, e-mail, telefone ou os mais preciosos (como CPF, número de cartão e etc) são recolhidos pelas Inteligências Artificiais e se tornam propensos para o uso mal intencionado ou a um vazamento.
A LGPD exige que as empresas sejam claras e transparentes sobre o uso de cada dado solicitado, além de serem obrigadas a oferecer segurança.
O cuidado que as marcas precisam ter ao utilizarem a Inteligência Artificial precisa ser maximizado para evitar que a privacidade das pessoas seja enfraquecida.
O futuro da Inteligência Artificial para nós
A verdade é que já estamos inseridos em um mundo automatizado por Inteligência Artificial, ou seja, é um caminho sem volta mais.
Utilizamos ou somos impactados por IA ‘s na nossa vida profissional e pessoal, então nos cabe adequar o uso dela para ser mais benéfica do que arriscada. Seja com mais treinamento ou análises.
Hoje, a IA precisa de um monitoramento e cuidado, sejam por questões éticas ou pela privacidade. Ainda assim, a ideia é que continue se desenvolvendo e ampliando sua atuação.
Também, há muitas oportunidades para explorar em cada setor, diminuindo tempo, energia e dinheiro gastos.
A facilidade e a autonomia da Inteligência Artificial são os pontos mais atraentes para quem precisa de resultados.
O uso de IA promete melhorias nos setores, desenvolvimento do trabalho e até substituição de funções. Em breve, os resultados terão mais qualidade e confiança.
Agora, em relação aos empregos, o uso de IA pode gerar um impacto negativo para a economia ou abrir espaço para novos modelos de negócios, tarefas e funções. Sendo possível que ambos ocorram.
Por isso, há uma necessidade de que as empresas se reinventem constantemente em seus setores.
Separamos essa pesquisa realizada pelo Google sobre “Startups e o uso de inteligência artificial” que reflete nossas questões sociais e econômicas no mercado e o impacto delas com a IA.
Em geral, esperamos que a nossa sociedade possa se desenvolver e criar consciência antes de aplicar uma realidade distorcida em uma tecnologia. Este seria o primeiro e o melhor passo para realizarmos antes de qualquer inovação.