É possível superar a dificuldade do empreendedorismo somado às barreiras na periferia?
Por Renata Neves

Falar em abrir um negócio de impacto, quer dizer que o empreendedor ou a empreendedora terá que ter conhecimentos técnicos e em gestão, além de outras habilidades para manter o financeiro sustentável enquanto melhora a comunidade.
No entanto, o desafio duplica de tamanho quando inserimos essa situação dentro da periferia.
No local, temos jovens e adultos buscando impactar o ambiente em que vivem, mas com pouco conhecimento ou experiência para tal.
Como consequência, o empreendedorismo social não consegue se sustentar ou encontra problemas sem soluções, levando o negócio ao fechamento.
Esse ciclo é comum e perigoso, desanimando líderes que poderiam melhorar as condições das suas comunidades ou impondo barreiras invisíveis entre classes sociais, escolaridade, idade, gênero e etnias.
Em Campinas, a Casa Hacker em parceria com a Fundação Feac, a Gerando Falcões e a DigitalOcean, startaram o projeto Perifaimpacto, mostrando que há mentes geniais na quebrada sendo injustamente impedidas.
Por isso, hoje vamos conversar sobre os negócios de impacto no Brasil, vamos lá?
O que é empreendedorismo social?
Segundo o Sebrae, existem oito formas de empreendedorismo, sendo estes: Digital, de negócios, corporativo, social, verde, feminino, individual e cooperativo.
Entre eles, o empreendedorismo social é um dos que não visa lucros, apenas busca defender uma causa. O empreendedorismo verde também pode ter o mesmo sentido, mas com os objetivos alinhados ao meio ambiente e o feminino pode — ou não — estar relacionado ao impacto social.
Para atingir um objetivo social, é fundamental que o negócio tenha uma ideia inovadora e que a motivação para atingir a meta seja alta e constante. Em outras palavras, amar o que faz e trabalhar com muita alegria.
Quando um empreendimento se desprende do objetivo comum do mercado (que seria ganhar dinheiro) e passa a visar uma missão, ele encontra outros problemas que só podem ser resolvidos com um movimento em grupo.
É necessário estar disponível para quem precisar, por isso os coletivos buscam se desenvolver ao ponto de não dependerem do governo ou de caridades, mas esse passo pode ser o mais difícil de alcançar.
Assim como um empreendedorismo de negócios, com o modelo tradicional, o social precisa ser planejado, estruturado e ter uma forma de medida. No caso, sempre será o desempenho do impacto.
É primordial que ele tenha o envolvimento de várias pessoas, redes e conexões. Tanto para iniciar, quanto para fazer acontecer.
Por isso, a empreendedora ou o empreendedor precisa ter habilidades comunicacionais e desenvolver suas relações.
Vale ressaltar que o empreendedorismo social é um termo “guarda-chuva” e significa que podemos encontrar outras formas de negócio dentro dele, como o negócio social ou de inclusão.
Porém, um negócio de impacto social está entre o segundo e o terceiro setor, sendo um empreendimento que é financeiramente sustentável, mas sem atingir o lucro máximo, enquanto busca pelo impacto social.
Os desafios da gestão de coletivos
Existem muitos erros que um negócio social pode cometer no caminho para sua atuação. Isso ocorre, principalmente, entre empreendedores com baixo conhecimento e oportunidades.
Na periferia, por exemplo, temos um número gritante de jovens interessados e apaixonados por suas causas, mas com pouca motivação para começar seu próprio negócio de impacto.
As ideias inovadoras vão sendo delimitadas por conta de problemas na gestão, até que em algum ponto são abandonadas.
Para ilustrar melhor como são os obstáculos desses coletivos, vamos citar algumas questões apresentadas pelo estudo “Desafios de Empreender Negócios Sociais no Brasil” de Guilherme Abranches Sucupira. Nesta pesquisa, o autor analisou a contribuição da ONG Artemisia e da incubadora Instituto Gênesis.
Na questão jurídica, os desafios estão ligados com a tributação, organização e formalização. A falta de conhecimento ou o medo de como continuar pode gerar consequências sérias no futuro se não forem resolvidas desde o início.
Estruturar um bom modelo de negócio, entendendo como alinhar todas as peças, também requer um acompanhamento e atenção. É comum surgir ideias com pontas soltas, trazendo incertezas e inseguranças.
Conhecer perfeitamente o público-alvo também envolve a inovação no negócio, afinal a solução criada precisa atender as dores e necessidades, mesmo que para isto seja necessário realizar testes e modificações.
Para negócios de impacto com foco em serviços, uma das dificuldades é a escalabilidade que funciona como uma forma de reduzir o preço para pessoas de baixa renda.
Ademais, o retorno financeiro e a mensuração do impacto são detalhes difíceis para os iniciantes. Dependendo do negócio, o retorno não está em equilíbrio com o impacto ou ele tem dificuldades para medir a diferença que trouxe para a causa.
A gestão, que é um dos pilares mais importantes nesse processo, pode ser um verdadeiro desafio. Aqui, a empreendedora ou o empreendedor precisa saber como lidar com o marketing, o mercado, o público, o financeiro, a precificação e entre outros setores que requerem conhecimento e estudo.
Porém, estamos falando de negócios criados pela periferia para ela mesma, portanto podemos imaginar que aprender administração está longe de ser uma tarefa fácil.
Por fim, é necessário lembrar que ter parcerias são importantes e determinantes para o sucesso do negócio de impacto social, podendo ser mais um obstáculo que precisa de orientação e atenção.
O que é uma incubadora de negócio de impacto?
Uma das melhores soluções para negócios de impacto que estejam começando ou enfrentando alguns desses desafios é procurar por incubadoras.
Uma incubadora de negócios de impacto social é uma empresa que dá suporte para ajudar no desenvolvimento. Para isto, elas oferecem capacitações, serviços, acompanhamento técnico e consultorias de acordo com cada negócio.
A ideia é oferecer conhecimento, experiência e até mesmo tecnologia para que a empresa passe pelos seus desafios e atinja as suas metas principais, aquelas importantes para a causa.
Conheça a Perifaimpacto
A iniciativa da PerifaImpacto oferece para os negócios de impacto e para os coletivos liderados por jovens da periferia um curso e a incubação.
A ideia é promover jovens empreendedores de impacto que precisam de experiência e conhecimento para levar suas mudanças para a comunidade.
Desta forma, novos coletivos são abertos e, consequentemente, as soluções se tornam da quebrada para a quebrada. Uma questão muito importante para a inclusão e desenvolvimento da inovação para lugares com menos oportunidades.
A Trilha de Impacto Social Modo On é uma jornada virtual gratuita para qualquer um que queira se capacitar em conteúdos direcionados a teoria da mudança, inovação social, estratégia e gestão de equipe e muito muais! É a chave para a incubação: a proposta principal do programa
A incubação é direcionada para negócios de Campinas — SP após um processo seletivo das iniciativas. O projeto, também, recebe com muito carinho coletivos que tenham mulheres, pessoas trans, pessoas com deficiência, pessoas negras e povos indígenas.
As inscrições para o projeto já começaram. Então, se liga! Para saber mais, dê uma olhada na página da iniciativa clicando aqui!