
O ecossistema de direitos digitais e tecnologia no Brasil ainda reflete desigualdades históricas: espaços de debate, conferências, seminários e mesas técnicas seguem majoritariamente brancos, mesmo em um país em que a maior parte da população é negra. Esse cenário não é acidental; ele é expressão do racismo estrutural que organiza quem é visto como fonte legítima de conhecimento e quem permanece sistematicamente invisibilizado.
Foi nesse contexto que o Aqualtune Lab, organização dedicada a investigar as interseções entre direito, raça e tecnologia, lançou em 2022 a Cartilha Akoben para Antirracismo na Organização de Eventos. A cartilha se apresenta como um guia para diversidade, equidade e inclusão de pautas e nomes na construção de eventos, com foco em garantir a participação de pessoas negras nesses espaços. A partir de uma abordagem jurídica e multidisciplinar, o material busca “compreender as intersecções entre tecnologia e raça, descortinando as armadilhas do racismo como estruturantes das relações de saber e poder no Brasil”.
Junto da Coalizão Direitos na Rede (CDR), a Casa Hacker assinou em 25 de novembro de 2025 a adesão ao Compromisso Antirracista Akoben, iniciativa do Aqualtune Lab voltada a ampliar a participação de pessoas negras em eventos, especialmente nas áreas de direito, tecnologia e comunicação.
Ao assinar o compromisso, a Casa Hacker reconhece que não há justiça digital sem justiça racial e assume metas objetivas para seus eventos, buscando enfrentar a sub-representação de pessoas negras em espaços de produção e circulação de conhecimento técnico.
Entre as obrigações assumidas pela Casa Hacker a partir de 25 de Maio de 2026:
- Em eventos com três ou mais palestrantes, haverá obrigatoriamente ao menos uma pessoa negra na programação, a partir de 25 de maio de 2026;
- Em eventos com quatro ou mais mesas, ao menos uma mesa será composta majoritariamente por pessoas negras, no mesmo prazo;
- Em eventos com sete ou mais mesas, ao menos uma mesa será composta exclusivamente por pessoas negras.
O compromisso também prevê a adequação do Código de Conduta Ética da Casa Hacker à promoção da diversidade étnico-racial em eventos, com publicação dessas diretrizes até 25 de novembro de 2026. A Casa Hacker se compromete ainda a revisar, de forma incremental e anual, os percentuais de representatividade racial adotados.
Na prática, isso significa que a curadoria de eventos da Casa Hacker passa a incorporar a diversidade racial como critério central desde a fase de planejamento, incluindo a busca ativa por especialistas negros e negras e o uso de listas e referências públicas de profissionais organizadas pelo Aqualtune Lab e parceiras.
Ao tornar pública essa decisão, a Casa Hacker reafirma o antirracismo como princípio estruturante de sua atuação e convida nossas organizações parcerias e iniciativas apoiadas dos campos de tecnologia, educação e direitos digitais a também assumirem compromissos de promoção da diversidade étnico-racial em seus eventos.
Sobre o Compromisso Antirracista Akoben
O Akoben é uma iniciativa do Aqualtune Lab que propõe um modelo de compromisso antirracista para organizações públicas e privadas, acompanhado de orientações práticas para aumentar a presença de pessoas negras em eventos, bem como uma lista pública de especialistas negras e negros em temas de direito, tecnologia e comunicação. Para saber mais, acesse aqualtunelab.com.br.
Sobre a Casa Hacker
A Casa Hacker é uma organização sem fins lucrativos, fundada e liderada por pessoas periféricas e nascida na periferia de Campinas (SP). Com atuação em Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, tem como missão fazer das tecnologias e a inovação social um lugar para todos por meio da educação digital, da educação em STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática). Acredita na educação como ferramenta de transformação para a construção de um futuro mais justo e sustentável. Nos últimos anos, mais de 120 jovens foram capacitados em STEAM; mais de 400 pessoas – de crianças e adolescentes a pessoas idosas – foram incluídas digitalmente por meio de programas de educação digital básica em mais de 10 territórios periféricos. A organização também já formou mais de 80 educadores para proteger a privacidade e a segurança de crianças e adolescentes on-line e repassou mais de R$ 500 mil diretamente a organizações, lideranças de impacto e coletivos para o desenvolvimento de iniciativas inovadoras de impacto social nas periferias.
Relacionamento com a imprensa:
Vira Comunicação
Luiz Felipe Leite
E-mail: luizfelipe.leite@viracomunicacao.com.br